PARA ONDE ESTÃO INDO AS ABELHAS


Por Roseane Albuquerque
ASCOM/AMMA/Petrolina - PE

Você pode até achar que a afirmação é um exagero, mas especialistas em todo o mundo já começam a se preocupar. As abelhas funcionam como agentes polinizadores e, se elas se extinguem, toda a cadeia alimentar fica seriamente comprometida. Frutas que comemos no dia a dia, por exemplo, passariam a inexistir ou, teriam que ser polinizadas manualmente, o que encareceria o produto para o consumidor. Todo esse cenário, inclusive, já chegou a ser desenhado por um dos maiores físicos de todos os tempos: Albert Einstein. Ele chegou a dizer que, sem abelhas, a humanidade só viveria por quatro anos.

“É uma questão que precisa ser levada a sério por todos. Muitos sequer conseguem imaginar a importância que esses insetos têm dentro da cadeia alimentar. Até a carne que se come ficaria comprometida, porque os animais não teriam com que se alimentar. É algo complexo e, assim como outros bens naturais, a gente deve se preocupar enquanto ainda há tempo”, destaca o ambientalista e membro do setor de Educação Ambiental da AMMA, Vitório Rodrigues.


Vários são os fatores que contribuem para a extinção destes insetos: a quantidade de agrotóxicos nas plantas, queimadas (que acabam com o habitat natural das abelhas), extração inadequada do mel, dentre outros. “A extração de forma irracional do mel, onde não é deixada nada para que as abelhas possam se alimentar até conseguir produzir mais alimentos e, além disso, na maioria dos casos os agentes destruidores retiram todas as larvas (filhotes) e jogam para fora das colméias, matando-os impiedosamente. 

O mundo precisa se orientar em relação a este assunto, pois é muito mais sério de que se pode imaginar. Não precisa nem ser técnico no assunto para saber que quase todas as vidas animal e vegetal do planeta Terra dependem dos insetos, em especial das abelhas que são espécies mais numerosas de todos eles. Em outras partes do mundo, como na America do Norte e Europa, os cientistas têm verificado que as abelhas vêm sofrendo ataques de bactérias, vírus e fungos, causando a morte de milhares de colméias por inteiro. Pensando globalmente precisa-se agir localmente, desenvolvendo ações que venham de forma eficaz proteger esses bichinhos tão importantes para a manutenção da vida na Terra. 

Em Petrolina foi criado o Programa de Proteção da Caatinga e nele prevê a criação de abelhas nativas dentro das reservas com objetivo de oportunizar a geração de renda para seus proprietários, mas o beneficio não se resume a isso e neste caso precisamos pensar na necessidade de se proporcionar o repovoamento das abelhas no bioma caatinga, sejam elas com ou sem ferrão”, acrescenta Rodrigues.

“Como órgão ambiental também temos essa função: a de despertar o debate sobre questões que venham a interferir na preservação e conservação do Meio Ambiente. Trazer à tona assuntos que possam entrar na pauta de instituições públicas, privadas, organizações não governamentais, enfim, para a sociedade como um todo”, enfatiza o diretor presidente da AMMA, Gleidson Castro.

Criação de abelhas nas UCCA´s- Uma das atividades estimuladas nas Unidades de Conservação da Caatinga (UCCA´s), implantadas este ano em Petrolina, diz respeito a criação de abelhas sem ferrão.  A meliponicultura pode ser um bom investimento para o produtor e, também, pelo manejo adequado dos insetos, uma oportunidade de preservação da espécie. As mais comuns para a Caatinga são mandaçaia, manduri, cupira e moça branca.

“Há que se destacar também que as abelhas têm um importante papel na polinização de espécies vegetais. A criação de abelhas sem ferrão tem um manejo mais simples e possibilita com que o produtor possa agregar produtos em termos de beneficiamento, melhorando assim sua renda. Pode ser trabalhada a produção de mel, polen e venda de enxames para a recria”, destaca o assessor técnico da AMMA, Clefson Sena.

                                                    Uma das características desse tipo de criação é que o produtor não precisa de equipamento de segurança para o manejo. O mel que se obtem também tem um valor agregado maior. “Financeiramente falando, o mel da abelha sem ferrão é hoje o mais caro do mercado nacional. Por se tratar de um mel mais difícil de ser encontrado e conter propriedades medicinais e terapêuticas a procura vem aumentando cada vez mais. Ou seja, para o produtor rural é proporcionado um retorno econômico muito melhor do que produzir mel de outras abelhas”,acrescenta Sena.

Nas áreas das UCCA`s, os interessados em aderirem a esse tipo de atividade devem comprar as colméias de produtores já licenciados ou adquirirem abelhas de locais de desmatamento legal, munidos de autorização dos órgãos competentes. “Além disso, terão que participar de mini cursos com aulas práticas e teóricas que serão ministradas em várias etapas durante todo o ano”, pontua o técnico.

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