Presume-se que o rio tenha surgido
há cerca de 65 milhões de anos, entretanto foi descoberto pelo “homem branco” o
navegador Américo Vespúcio no dia 04 de outubro de 1501, cujo nome conhecido
pelos nativos era Rio Opará. Mas em homenagem ao santo do dia, o navegador
Florentino o rebatizou com o nome de Rio São Francisco.
Aos 514 anos depois, apelidado de Velho
Chico, Rio dos Currais, Chicão, Grande Linha de Comunicação, Rio da Redenção
Econômica, Rio da Integração Nacional e por ai vai... Mas o tratamento dado por
todos que precisam dele mais de ele de nós,
não muda é sempre de mal a pior.
Mesmo assim ele prossegue
imponente, mas agora, além de contemplação, pede também socorro. Rio da
Integração Nacional, o São Francisco tem esse título por ser o caminho de
ligação do Sudeste e do Centro-Oeste com o Nordeste. Ao longo desse percurso,
que banha cinco Estados, desde sua nascente, na Serra da Canastra, em Minas
Gerais, até sua foz, na divisa de Sergipe e Alagoas, ele percorre cerca de 2.700
km.
O rio São Francisco é também o
maior responsável pela prosperidade de suas áreas ribeirinhas compreendidas
pelo Vale do São Francisco. No submédio São Francisco, onde cidades como Petrolina
e Juazeiro experimentaram maior crescimento e progresso devido à agricultura
irrigada. Nossa região apresenta-se atualmente como a maior produtora de frutas
tropicais do país, recebendo destaque especial, também, a produção de vinho, em
uma das poucas regiões do mundo que obtêm duas safras anuais de uvas, mas tudo
isso no momento está ameaçado pela falta d’água que está batendo com força em
nossas porteiras.
O transporte da água por canais
impulsionou o PIB local, transformando a região em um dos maiores IDH (Índices
de Desenvolvimento Humano) do semiárido. Entretanto temos que priorizar nossa preocupação
em aliar desenvolvimento com a proteção e a conservação ambiental antes que seja tarde demais e a situação se torne
irreversível.
Em meio a tanto progresso, é com
tristeza que constatamos a degradação deste patrimônio tão importante para nós
brasileiros e o Planeta em geral. Resíduos sólidos são jogados no rio, bombas
de captação clandestina retiram água e devolvem diesel e agrotóxicos, lavouras
são plantadas até a calha com a retirada total da mata ciliar, deixando as
margens vulneráveis as erosões dão origem ai assoreamento que consequentemente,
reduz sua capacidade de armazenamento, seu leito vai ficando mais largo e raso
e a tendência é “chover para cima”. Pois a evaporação se intensifica com a
facilidade de aquecimento da lâmina d’água com a incidência dos raios solares.
Maiores e menores vazões
O Jornal do Comercio de Recife –
PE, em sua edição do período de 27/08 a 03/09/2000. Publicou um resumo
histórico sobre as vazões registradas do Rio São Francisco desde 1919.
Segundo a matéria em 1919 o São
Francisco registrou uma cheia onde seu nível subiu 9,00 metros acima do normal,
mas o registro da maior cheia que se tem noticia data de 1926 quando o nível do
rio subiu 9,60 metros e depois da criação da Chesf, a maior cheia ocorreu em
1979 quando a vazão nas comportas de Sobradinho atingiu aos 17.940 m3/s.
Já no período de 1952 a 1956,
registrou-se a menor vazão da história desde o descobrimento: 590 m3/s, onde a
vazão média era acima de 1.800 m3/s em tempos normais. Talvez o “Chico” tivesse
prevendo mais um dos projetos para tirar suas águas. Hoje, segundo os órgãos
que fazem a medição quase que diariamente já registram vazões a montante da barragem
de Sobradinho, mais baixas de que a menor registrada que se tem noticia. O Rio São Francisco em alguns trechos já chora com sede. E o dia 04 de outubro, dia
em se comemora o seu descobrimento, será que cai bem mesmo as comemorações? Ou
seria melhor que todos nós nos preocupássemos o ano todo com o descaso, ao qual
ele submetido diariamente?. Devemos lembrar que o rio São Francisco é original,
inteiramente brasileiro, é único, não tem cópia.
Vitorio Rodrigues de
Andrade
Graduado em
Licenciatura Plena em Geografia
Pós graduado em
Ensino de Comunicação Social
Petrolina-PE
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